Você já se pegou dizendo:
“Eu tenho tempo, mas não consigo fazer nada"
"Eu sei exatamente o que preciso fazer, mas não consigo sair do lugar?"
A sensação de procrastinar pode ser extremamente angustiante — especialmente quando acompanhada da ideia de que estamos sendo improdutivos, desorganizados ou, pior, “preguiçosos”. Mas, na maioria das vezes, o que parece preguiça é, na verdade, exaustão emocional.
Nossa sociedade valoriza eficiência, desempenho e velocidade. Desde cedo, aprendemos que nosso valor está diretamente ligado à nossa capacidade de produzir. Nesse modelo, descansar é visto como perda de tempo, e estar cansado é sinal de fraqueza.
Essa cultura da produtividade cria um ambiente interno de exigência constante, no qual estar sempre bem, disposto e funcional se torna uma obrigação — mesmo que isso não corresponda à nossa realidade emocional.
É nesse contexto que a procrastinação aparece — não como um defeito de caráter, mas como um sintoma de um corpo e uma mente sobrecarregados. Muitas vezes, a tarefa que adiamos nem é tão difícil. O que é difícil, na verdade, é lidar com a cobrança, com o medo de falhar ou de não ser bom o suficiente.
A procrastinação, sob a perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), pode ser entendida como um comportamento de evitação. Evitamos tarefas não porque somos desleixados, mas porque elas ativam pensamentos dolorosos como:
“Eu não vou conseguir.”
“Vai ficar horrível.”
“Se eu não fizer perfeito, é melhor nem começar.”
Outro aspecto comum é a ideia de que só poderemos começar quando estivermos mais focados, menos cansados, mais motivados. Mas o tal “momento certo” raramente chega. E quanto mais o tempo passa, mais cresce a culpa, o medo, a paralisia.
Isso cria um ciclo difícil de romper:
Autocobrança → Ansiedade → Procrastinação → Culpa → Mais cobrança.
Nesse ciclo, a produtividade vira um campo de batalha interno. E o simples ato de começar uma tarefa se torna emocionalmente esgotante.
A frase “falta de tempo” é uma queixa comum, mas será que o problema é só tempo? Muitas vezes, o que falta é a possibilidade de estar presente, com atenção e segurança emocional no tempo que já temos.
Criar um novo hábito, mudar uma rotina ou concluir uma tarefa exige mais do que força de vontade. Exige:
Reconheça a exaustão, antes de exigir ação: Pergunte-se: "O que eu preciso agora para me sentir segura(o) para começar?"
Divida a tarefa em passos pequenos: Quanto menor a etapa, menor a chance de ativar ansiedade. Pequenos passos são mais sustentáveis.
Substitua o ideal de perfeição por compromisso com o processo: Começar de forma imperfeita já é um avanço. O importante é seguir, não ser impecável.
Cuide da sua autocrítica: Observe seus pensamentos automáticos e questione: “Isso é mesmo verdade?” Muitas vezes, a crítica interna paralisa mais do que ajuda.
Crie pausas reais: Descanse de verdade, sem fazer do descanso uma “recompensa” por produtividade. Pausas são necessidades, não prêmios.
Não se trata apenas de fazer ou não fazer. A questão é como você se trata quando não está conseguindo fazer. A maneira como você lida com a sua própria dificuldade pode ser o que define se ela vai aumentar ou diminuir.
Lembre-se: você não está sozinho. E a procrastinação não é um problema a ser combatido com mais dureza, e sim um sinal a ser compreendido com mais cuidado.
Se isso ressoou com você, considere buscar apoio psicológico. A terapia cognitivo-comportamental pode te ajudar a entender os gatilhos por trás da procrastinação e a construir um novo jeito de se relacionar com suas metas — e consigo mesmo.
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